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quarta-feira, 4 de agosto de 2010

A Ineficácia do Exercício Aeróbio no Emagrecimento (parte I)

Pense rápido e responda: qual o melhor exercício para emagrecer? Se a primeira resposta que veio em sua cabeça foi ‘exercício aeróbio’, parabéns! Você faz parte da maioria esmagadora da população que pensa que entende alguma coisa de emagrecimento. Infelizmente, lamento informar que o exercício aeróbio tem uma importância muito menor do que todos imaginam, e veremos o porquê disso no presente artigo (partes I e II).

Antes de entrar em questões fisiológicas, vamos tentar entender o porquê esse mito dos aeróbios serem fundamentais pra indivíduos que procuram o emagrecimento foi criado, recorrendo à história. No final dos anos 80 e início dos anos 90, muitas pesquisas mostraram que a fonte principal de energia para se realizar exercícios aeróbios de baixa intensidade (caminhada, corrida leve a moderada, ciclismo, etc.) era a gordura. Além disso, foi observado que quanto maior a duração do exercício, maior a utilização da gordura em termos relativos.

Com base nesses dados, e utilizando-se de um raciocínio linear e de "lógica fisiológica", passou-se a acreditar que a melhor estratégia de exercícios que promoveria emagrecimento era o aeróbio de longa duração. Além disso, teorias absurdas surgiram e se tornaram populares como a que um exercício, pra oxidar (gastar) bastante gordura, deve durar mais do que 20 minutos e ser de característica contínua (caminhada, por exemplo). Assim, acabamos de verificar dois mitos:

MITO 1 – o exercício, para emagrecer, deve ser de baixa intensidade, já que a fonte de energia para realizá-lo é a gordura estocada no corpo.

Diversos estudos (Ballor et al, 1990; Gregiadin et al, 1995; Jakicic et al, 1999) compararam protocolos de exercícios de baixa (que utiliza gordura como energia) e alta (que utiliza POUCA gordura como energia) intensidade, e nenhum deles foi capaz de provar que essa teoria (mito 1) é verdadeira, quando as diminuições no percentual de gordura eram semelhantes entre ambos os tipos de exercícios, ou maiores em quem fazia atividades mais intensas (que praticamente não utiliza a gordura como fonte energética), no caso dos estudos de Tremblay et al (1990) e Yoshika et al (2001), em que os autores afirmam que indivíduos inseridos em programas com atividades mais intensas possuem menor percentual de gordura que indivíduos que praticam atividades leves.

MITO 2 – a duração do exercício deve ser maior do que 20 minutos, feitos de forma contínua.

Um grupo de pesquisadores liderados por W. Schmidt (2001) não encontrou NENHUMA DIFERENÇA na perda de gordura quando se fazia 30 minutos de exercício contínuo comparado com 3 sessões de 10 minutos, derrubando a hipótese (mito 2) de que para perder gordura é necessário no mínimo 20 minutos de exercício aeróbio contínuo. Ainda, diversos outros pesquisadores chegaram às mesmas conclusões, mostrando que fracionar determinado tempo de exercício traz os mesmos resultados que a soma dessas frações realizada de uma vez só (Murphy e Hardman, 1998; Jakicic et al, 1999).

Na parte II do presente artigo, serão apresentados outros pontos sobre a ineficácia do exercício aeróbio no processo de emagrecimento.

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